Potencial de solar e eólica é 100 vezes maior que a demanda global de energia, diz Carbon Tracker
Grandes quedas no custo da energia solar e eólica nos últimos anos desbloquearam uma reserva de energia que pode atender à demanda mundial 100 vezes — e a maior parte já é economicamente viável, mostra o relatório The Sky’s the Limit (.pdf) do Carbon Tracker.
A partir das taxas de expansão de solar e eólica na matriz elétrica, os analistas calculam que em 2050 essas fontes poderiam substituir totalmente os fósseis, como carvão, petróleo e gás, produzindo energia limpa e barata para apoiar novas tecnologias, como veículos elétricos e hidrogênio verde.
O relatório calcula que uma taxa de crescimento anual de 15% seria suficiente para energia solar e eólica gerarem toda a eletricidade do mundo em meados da década de 2030 e fornecer toda a energia usada no globo até 2050.
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A energia solar cresceu a uma taxa média anual de 39% na última década, quase dobrando de capacidade a cada dois anos, de acordo com o relatório;
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A capacidade da energia eólica cresceu 17% ao ano, com avanços tecnológicos que ajudam a reduzir custos.
Outro cálculo importante é o custo: na energia solar, a redução média foi de 18% ao ano desde 2010, enquanto os preços da energia eólica caíram em média 9% ao ano no mesmo período.
Além disso, o The Sky’s the Limit constata que cerca de 60% dos recursos solares e 15% dos recursos eólicos do mundo já são competitivos economicamente em comparação com a geração local por combustíveis fósseis.
“Em 2030, toda a energia solar e mais da metade da energia eólica provavelmente serão econômicas”, estima.
O estudo conclui que a oportunidade maior está em mercados emergentes, que têm o maior potencial solar e eólico em relação à demanda doméstica.
“Muitos ainda estão construindo seus sistemas de energia, e as energias renováveis baratas oferecem um caminho para levar energia para mais pessoas, criar novas indústrias, empregos e riqueza. A África tem 39% do potencial global e pode se tornar uma superpotência das energias renováveis”, indica.
Onde está o potencial
Com base em dados da BloombergNEF sobre o custo nivelado da energia solar, o relatório identifica quatro grupos principais de países com potencial para aproveitar os recursos solares e eólicos em relação ao consumo doméstico:
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Superabundante (com potencial pelo menos 1.000 vezes maior do que a demanda): países de baixa renda com baixo uso de energia na África Subsaariana;
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Abundante (100 vezes maior que a demanda): quase todos os países da América Latina, incluindo o Brasil, além de Austrália e Marrocos, são alguns exemplos e que poderiam também fornecer energia renovável para o resto do mundo;
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Repleto (10 vezes maior que a demanda): países como China, Índia e Estados Unidos, que têm potencial renovável suficiente para satisfazer suas necessidades domésticas;
- Esticada (menos de 10 vezes a demanda): países como Japão, Coréia e grande parte da Europa enfrentam difíceis escolhas políticas sobre como explorar seus recursos renováveis de forma mais eficaz.
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IEA vê renováveis fornecendo mais da metade da eletricidade em 2021
Com a demanda de eletricidade caminhando para o seu crescimento mais rápido em uma década, a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) vê as energias renováveis fornecendo mais da metade da eletricidade global em 2021.
Apesar dos efeitos da pandemia sobre a economia, as renováveis encontraram espaço para crescer 3% em 2020, e a IEA estima novo aumento em todos os setores-chave – energia, aquecimento, indústria e transporte – em 2021.
A participação das energias renováveis na geração de eletricidade está projetada para aumentar para quase 30% em 2021, ante 27% em 2019, com solar fotovoltaica (18%) e eólica (17%) contribuindo com dois terços desse crescimento.
Demanda por combustíveis fósseis avança nos emergentes
Apesar do otimismo, na semana passada, o Global Energy Review 2021 da IEA mostrou que a recuperação dos países emergentes no pós-pandemia está sendo alimentada a carvão.
De acordo com a agência, a demanda global de carvão em 2021 deve ultrapassar os níveis de 2019 e se aproximar do pico de 2014.
A estimativa é que o carvão sozinho avance 60% a mais do que todas as energias renováveis combinadas, com mais de 80% do crescimento concentrado na Ásia, com a China respondendo por mais de 50% do crescimento global.
No petróleo, o aumento anual esperado é de 6,2% em 2021 — cerca de 3% abaixo dos níveis de 2019, por conta da baixa demanda do óleo para transporte rodoviário e aviação.
Já o gás natural deve crescer 3,2% em 2021, impulsionado pelo aumento da demanda na Ásia, Oriente Médio e Rússia, colocando a demanda global mais de 1% acima dos níveis de 2019.
Fonte: epbr